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Túnel do Tempo Br: "Porto dos Milagres" (Globo; 2001)


A novela “Porto dos Milagres”, de Aguinaldo Silva e Ricardo Linhares, foi exibida pela Rede Globo em 2001, às 21h. Na direção de seus 203 capítulos estiveram Marcos Paulo, Roberto Naar, Luciano Sabino e Fabrício Mamberti. 
A história era uma livre adaptação das obras “Mar Morto” e “A Descoberta da América pelos Turcos”, do escritor Jorge Amado, a novela se sustentava em uma trama política que contrapõe o simplório pescador Guma (Marcos Palmeira), um representante do povo, ao poder exercido pelo inescrupuloso Félix (Antônio Fagundes) e sua ambiciosa mulher, Adma (Cássia Kiss).
A história contemporânea transcorre na fictícia cidade de Porto dos Milagres, localizada na região do Recôncavo Baiano e formada por duas classes sociais distintas: a burguesia porto milagrense com suas famílias tradicionais, instaladas na parte alta da cidade, e os moradores pobres do cais do porto, habitantes da parte baixa. A base da economia local é a pesca, mas a cidade também é uma das entradas de contrabando do país. A mitologia e a religiosidade estão presentes na trama através da figura de Iemanjá, a “rainha do mar”, padroeira de Porto dos Milagres e que, de forma fantástica, exerce influência na vida dos habitantes.
(Zezé e Sergio Menezes).
(Fagundes e Cássia Kiss).Então, Eriberto leva Arlete e o menino para alto-mar, mas, antes que possa fazer alguma coisa, a mãe coloca o cesto com o bebê na água e se atira. Uma forte onda faz com que o cesto navegue nas águas revoltas, protegido por forças sobrenaturais, sendo guiado até um outro barco.
(Nathália Thimberg e Joana Fomm).
Gumercindo acaba sendo criado por Francisco e a mulher, Rita (Joana Fomm). Conhecido como Guma (Marcos Palmeira), e ignorando sua verdadeira origem, ele se transforma em um líder respeitado na cidade baixa.Lívia é filha de Laura (Carolina Kasting), que abriu mão do dinheiro da família para viver com o pescador Leôncio (Tuca Andrada).
(Camila Pitanga).(Fagundes e Lima Duarte).
(Camila e Marcos Palmeira).
(Nathália Thimberg).
Como outras histórias de Aguinaldo Silva e Ricardo Linhares, a novela tem muitas cenas de realismo fantástico.
Félix e Adma são vigaristas que vivem foragidos da Espanha desde que Félix vendeu ilegalmente parte das terras do pai, deixadas como herança para ele e seu irmão gêmeo Bartolomeu (também Antônio Fagundes).
Durante uma fuga, após aplicar mais um de seus golpes, Félix encontra uma cigana, que profetiza que ele vai atravessar o mar e ser rei. Ele e Adma concluem que tal profecia só pode se concretizar no Brasil e decidem voltar ao país. Quando chegam a Porto dos Milagres, descobrem que Bartolomeu se transformou no homem mais poderoso da cidade. Adma, então, envenena o cunhado à revelia do marido, e Félix assume o lugar do irmão. O que os dois ignoram é que Bartolomeu tem um herdeiro.
(Cássia e Fagundes)
Leonardo BrícioEle teve um filho com a prostituta Arlete (Letícia Sabatella), que procura Félix para lhe apresentar o menino. Adma recebe Arlete e, sem contar nada ao marido, manda o capataz Eriberto (José de Abreu) matar a prostituta e seu filho. Eriberto vira o braço direito de Adma, por quem é apaixonado, e, a mando dela, mata outras pessoas ao longo da trama. 
Nesta embarcação, estão o pescador Frederico (Maurício Mattar) e sua mulher Eulália (Cristiana Oliveira), que está prestes a dar à luz. Frederico é um dos pescadores que, para melhorar o sustento da família, está envolvido nos negócios de contrabando de Bartolomeu. O filho de Eulália nasce morto, e Frederico, ao ver o cesto e ouvir o choro da criança, pega o bebê e mostra à mulher, como se ele fosse seu filho. Eulália diz que ele vai se chamar Gumercindo e morre em seguida.
Desolado, Frederico promete o menino à Iemanjá – assim como Arlete já fizera –, e é dessa forma que o filho de Bartolomeu, herdeiro legítimo de sua fortuna, vai parar na comunidade de pescadores. Anos depois, Frederico entra no mar para tentar salvar o irmão, o pescador Francisco (Tonico Pereira), e desaparece. 
(Marcos e Camila).
Outra história que remonta ao passado é a da menina Lívia (Flávia Alessandra), sobrinha de Augusta Eugênia Proença de Assunção (Arlete Salles), a mulher mais influente da alta sociedade de Porto dos Milagres. 
Augusta Eugênia nunca se conformou com a escolha da irmã e acabou provocando, indiretamente, a morte de Laura e seu marido, ao denunciar o cunhado à polícia por fazer contrabando. Ao saber do plano para prejudicar Leôncio, Laura foi atrás dele, e o casal morreu em uma explosão do barco, após perseguição policial. Lívia foi criada no Rio de Janeiro por Leontina (Louise Cardoso), outra irmã de Laura.
A moça volta a Porto dos Milagres em companhia do namorado Alexandre (Leonardo Brício), filho de Adma e Félix.
Na Bahia, ela conhece Guma, e os dois se apaixonam, mas encontram muitas dificuldades de concretizar esse amor, pois pertencem a mundos diferentes. Além de enfrentarem a hostilidade de Alexandre, que não se conforma em perder Lívia para Guma, e também de Augusta Eugênia, que quer ver a sobrinha casada com o herdeiro de Félix, os dois têm que lidar com as armações da sedutora Esmeralda (Camila Pitanga), moça da cidade baixa apaixonada pelo pescador.
(Marcos Palmeira e Flávia Alessandra).
A história tem muitas tramas paralelas de destaque. Uma delas é a história de Rosa Palmeirão (Luíza Tomé), irmã de Arlete e Cecília (Luíza Curvo) que, no dia de seu casamento com Otacílio (Eduardo Galvão), é condenada a 20 anos de prisão pelo assassinato do coronel Jurandir de Freitas (Reginaldo Faria). Ela matou o coronel, porque ele violentara Cecília (Luíza Curvo), que se suicidara em seguida.
Rosa deixa a cadeia na segunda fase da novela, quando sua valentia já a transformou em uma lendária personagem de cordel. Ela volta à cidade disposta a descobrir o paradeiro do filho de Arlete, abre um bordel e lá conhece e se apaixona por Félix, sem saber de seu envolvimento no desaparecimento da irmã e do sobrinho.
A novela também conta muitas outras histórias de paixões proibidas, como o romance de Alfredo Henrique (Miguel Thiré) – filho de Otacílio e Amapola (Zezé Polessa) – e Luísa (Barbara Borges), filha de Rita e Francisco; o amor de Leontina (Louise Cardoso) pelo cunhado Oswaldo (Fúlvio Stefanini), marido de sua irmã Augusta Eugênia; a repressão sexual de Genésia (Julia Lemmertz), que se realiza nos braços de Ezequiel (Vladimir Brichta); e a relação da professora Dulce (Paloma Duarte) com o médico Rodrigo (Kadu Moliterno).
(Inesquecível trabalho de Joana Fomm).
O deputado Pitágoras Mackenzie personagem de Ary Fontoura em “A Indomada” (1997) – escrita pelos mesmos autores – reaparece na trama, e sua participação agrada tanto ao público que ele permanece na novela.
O ator Lima Duarte faz uma participação especial na novela como Victório Viana, senador baiano chantageado por Félix após a gravação de uma conversa comprometedora.
Os últimos capítulos foram marcados pela campanha eleitoral, na qual o pescador Guma, que defendia as cores do Partido das Causas Trabalhistas, se candidata à prefeitura e Félix Guerreiro, do Partido da Vanguarda Democrática, ao governo do Estado.
Puerto de los milagrosPara divulgar a eleição, a direção da novela e a Divisão de Propaganda da Central Globo de Comunicação desenvolveram uma campanha, inserindo um fictício horário eleitoral gratuito no intervalo da novela e durante a programação. Para isso foram criados filmetes, partidos, jingles, lógos, imagens de campanha e discursos de estúdio.
Na reta final, Félix tenta matar Guma, mas acaba se rendendo ao pescador, implorando que ele salve seu filho Alexandre, que arrasta Lívia para o alto-mar, disposto a morrer com ela.
Guma, mais uma vez, enfrenta as águas do mar para salvar o primo e a amada. Os dois são salvos, mas Guma não sobrevive. Esmeralda, então, em um final redentor para a personagem, dá a sua própria vida a Iemanjá para salvar a de Guma. Ela vira mãe de santo, e Guma, salvo, se casa com Lívia, com quem tem um filho.
Abandonada por Félix após tudo o que fez pelo marido, Adma morre do próprio veneno: ela envenena uma bebida para dar a Eriberto, que percebe a artimanha e troca as taças. 
Em seguida, o capataz também toma a bebida, morrendo ao lado da mulher que sempre amou. Félix, eleito governador, é morto por Rosa Palmeirão no dia da cerimônia de sua posse. Após uma curta passagem de tempo, Guma é eleito o novo prefeito da cidade, marcando o início de uma nova era em Porto dos Milagres.
Curiosidades:
- Duas cidades cenográficas foram construídas para a novela: a cidade alta, erguida na Central Globo de Produção (Projac), e a cidade baixa, criada na Ilha de Comandatuba, com o cais, o nicho de Iemanjá, uma capela, o mercado municipal e as casas de pescadores. Canavieiras também abrigou construções feitas especialmente para a trama, em uma ruela onde foram gravadas as cenas do bordel de Dona Colo (Glória Menezes). Os destaques da cidade montada no Projac eram a praça principal, a igreja matriz e o palacete de Bartolomeu Guerreiro, situado no alto de uma ladeira, visível de qualquer ponto da cidade. A arquitetura e a decoração do interior da mansão, ambientado no estúdio, apresentava elementos mouros e espanhóis.
- A estátua de Iemanjá que aparece na trama foi feita pela equipe de artesãos do Projac.
- Uma das criações curiosas da produção de arte foi o livreto com o cordel de Rosa Palmeirão, “O Abc de Rosa”, escrito pela própria produção.
- Victorio Viana, o senador interpretado por Lima Duarte, voltou a fazer uma participação em “Senhora do Destino” (2004), do mesmo autor. O expediente já havia sido usado por Aguinaldo Silva em “A Indomada” (1997), quando o personagem Murilo Pontes, de “Pedra sobre Pedra” (1992) – curiosamente vivido também por Lima Duarte – fez uma visita à fictícia cidade de Greenville.
- Cássia Kiss engravidou durante a trama e teve o figurino levemente modificado para esconder a gestação.
- O personagem Ezequiel foi o primeiro papel de destaque do ator baiano Vladimir Brichta em uma novela da TV Globo.
(Cássia Kiss e Zezé Polessa).






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